Em junho de 2023, o Conselho de Normas Internacionais de Sustentabilidade (ISSB) introduziu duas novas normas, IFRS S1 e IFRS S2, sob a International Financial Reporting Standards (IFRS) Foundation. Essas normas representam um avanço significativo na promoção da transparência e da consistência das divulgações relacionadas à sustentabilidade e ao clima em nível global. Tanto a IFRS S1 quanto a S2 entraram em vigor para períodos de relatório iniciados em ou após 1º de janeiro de 2024, integrando totalmente as recomendações da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD). Essas normas visam atender à crescente necessidade de informações de sustentabilidade confiáveis e comparáveis para ajudar os investidores a avaliar os riscos e as oportunidades relacionados ao clima.
O que são IFRS S1 e IFRS S2?
IFRS S1: Requisitos gerais para a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade
A IFRS S1 estabelece os princípios gerais para a divulgação de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que possam afetar significativamente o desempenho financeiro de uma empresa. Ela enfatiza a necessidade de divulgações abrangentes e específicas do setor, garantindo que os investidores tenham acesso a dados significativos para a tomada de decisões.
Os principais elementos da IFRS S1 incluem:
- Materialidade abrangente: Todas as informações pertinentes relacionadas à sustentabilidade devem ser incluídas nas demonstrações financeiras.
- Orientação específica do setor: As divulgações devem ser adaptadas às normas específicas do setor, conforme descrito pelo Sustainability Accounting Standards Board (SASB).
- Interconectividade das divulgações: As empresas devem articular a relação entre os riscos e oportunidades de sustentabilidade e suas implicações financeiras.
IFRS S2: Divulgações relacionadas ao clima
A IFRS S2 concentra-se especificamente nos riscos e oportunidades relacionados ao clima. Ela exige que as empresas relatem suas estratégias para gerenciar os riscos relacionados ao clima, incluindo análises de cenários e métricas para acompanhar o progresso em direção às metas climáticas. A norma se baseia nas recomendações do TCFD e incorpora diretrizes específicas do setor da SASB. A IFRS S2 também se alinha estreitamente com o European Sustainability Reporting Standards (ESRS) E1, oferecendo às empresas uma abordagem unificada para a divulgação de informações sobre o clima.
Os requisitos aprimorados de divulgação de acordo com a IFRS S2 incluem relatórios sobre:
- Planos de transição: Como as empresas planejam fazer a transição para uma economia de baixo carbono, incluindo estratégias de curto, médio e longo prazo.
- Métricas específicas do setor: Métricas detalhadas adaptadas aos riscos e oportunidades climáticos exclusivos de cada setor.
- Emissões do escopo 3: As empresas devem informar as emissões do Escopo 3, que abrangem as emissões indiretas em sua cadeia de valor.
- Créditos de carbono: Informações sobre o uso e o uso pretendido dos créditos de carbono.
Adoção e impacto globais
As IFRS S1 e S2 têm o potencial de transformar os relatórios de sustentabilidade, com mais de 140 países considerando a adoção e mais de 20 já comprometidos. Ao se alinharem com o TCFD, as normas IFRS garantem que as empresas forneçam informações mais detalhadas e comparáveis sobre riscos e oportunidades relacionados ao clima. Para as empresas que já seguem as recomendações do TCFD, a IFRS oferece uma oportunidade de aprimorar as divulgações existentes. Como as normas IFRS são construídas sobre as bases estabelecidas pelo TCFD e pelo SASB, muitas empresas não começarão do zero. Em vez disso, elas podem aproveitar as práticas atuais de relatórios e desenvolvê-las para atender às novas exigências da IFRS. Essa transição deve ser perfeita para empresas maiores e para aquelas em mercados desenvolvidos, onde as normas TCFD e SASB já são amplamente aplicadas.
Etapas práticas para a implementação das normas IFRS
Uma abordagem estratégica para a divulgação dos riscos climáticos é essencial à medida que as empresas se preparam para implementar as normas IFRS. Aqui estão algumas etapas práticas para orientar o processo:
- Realizar uma avaliação de materialidade: Determine quais riscos e oportunidades relacionados ao clima são mais relevantes para sua empresa. Envolva-se com as partes interessadas, analise as tendências do setor e avalie o possível impacto financeiro desses riscos relacionados ao clima.
- Desenvolver uma estrutura de governança robusta: Estabeleça funções e responsabilidades claras para a gestão de riscos climáticos em sua organização. Garanta que o conselho de administração e a alta gestão supervisionem ativamente os riscos e as oportunidades relacionados ao clima.
- Integre considerações climáticas à estratégia: Incorpore considerações sobre riscos climáticos em seu planejamento estratégico e processos de tomada de decisão. Avalie como os riscos climáticos podem afetar seu modelo de negócios e identifique oportunidades de inovação e crescimento.
- Aprimorar os processos de gestão de riscos: Fortaleça sua estrutura de gestão de riscos para identificar, avaliar e gerenciar com eficácia os riscos relacionados ao clima. Integre avaliações de riscos climáticos em seus processos gerais de gestão de riscos e revise e atualize regularmente essas avaliações.
- Defina métricas e metas claras: Estabeleça e divulgue métricas e metas claras para gerenciar riscos e oportunidades relacionados ao clima. Defina metas com base científica para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e acompanhar o progresso em direção a essas metas.
O caminho à frente
A introdução das normas IFRS é um marco significativo nos relatórios globais de sustentabilidade. Essas normas não apenas melhoram a transparência e a comparabilidade das divulgações relacionadas ao clima, mas também se alinham com os esforços globais de mudança para uma economia de baixo carbono. Para as organizações situadas em jurisdições onde as normas IFRS são adotadas, é imperativo que elas priorizem a incorporação dos requisitos S1 e S2 nos relatórios de riscos climáticos para atender às obrigações regulatórias.
Paralelamente, para outros, a implementação voluntária é um passo proativo para preparar a comunicação de sustentabilidade para o futuro e gerenciar os riscos relacionados ao clima. À medida que os requisitos globais de relatórios de riscos climáticos continuam a evoluir, a adesão a essas normas contribuirá para uma melhor tomada de decisões, uma gestão de riscos mais sólida e, por fim, um futuro mais sustentável.
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